O povoado Novo Caru foi fundado em 1º de
maio de 1963 pelo lavrador Raimundo Nonato Pinheiro, conhecido pela
alcunha de Didico, e recebeu o nome de Centro do Dico, com a chegada de
moradores para o lugar, o povoado foi crescendo em população.
Sendo o rio o único fluxo para o crescimento do lugar, seus moradores
em homenagem ao rio Caru deram ao povoado o nome de novo Caru. O povoado
faz fronteira com outros povoados como: Rapadurinha, Nova Vida, Barra
do Galego e a reserva indígena Caru.
No principio, o
povoado seguia em marcha ascendente, no comércio, na indústria de
beneficiamento de arroz, na produção agrícola e em população. Era lancha
chegando quase que diariamente trazendo migrante do Ceará, Piauí e de
vários lugares do próprio Maranhão, atraídos pela abundância de matas e
terras devolutas ali existentes. Tais migrantes trouxeram consigo os
seus costumes, suas crenças, enfim, suas cultura. A partir daí, com o
passar do tempo, firmou-se a cultura de novo Caru. Essa cultura
baseia-se em danças típicas nordestinas como as quadrilhas (nas festas
juninas), o Bumba-meu-boi e em comidas típicas como cuxá, tapioca
(beiju), cuscuz dentre outras iguarias.
Com o rápido
crescimento, foram instaladas várias casas comerciais, sendo as
principais: Casa Branca, Casas Matos, Casa Vera Cruz (com
eletrodoméstico) os quais vendiam todos os artigos de primeira
necessidade e outros como calçados, bebidas, confecções, alumínio, etc.
Nos anos 70 a 73 os comerciantes enriqueceram por especulações. As
mercadorias eram trocadas com os agricultores pelo arroz (no acelerado,
antes da colheita). Em novo Carú o movimento era acelerado, havia muitos
hotéis, bares, boates, dois clubes para recreação e festa: o Canutão e o
Clube Recreativo Boa Vontade (CRB), duas usinas para o beneficiamento
de arroz do Sr. Manoel Vera Cruz e a do Sr. José de Deus. Atualmente
Novo Carú apresenta morosidade no seu desenvolvimento, existindo ainda,
várias casas comerciais.
Em 1976, na administração do
Prefeito Miguel Alves Meireles foi instalada a iluminação elétrica
através de um motor a óleo DIESEL. Em 30 de abril 1983, de acordo com a
Lei nº 27, Novo Caru foi elevado à categoria de distrito. O povoado
Novo Caru apresentava muitos setores (povoados) aos seus redores que
aqueciam e mobilizavam a economia local. Esses setores, no entanto,
desapareceram e o desenvolvimento em Novo Caru caiu em declínio, devido
às terras haverem passados para as mãos de proprietários e posseiros e
também pela inexistência de matas que foram devoradas pelos lavradores.
Muitos moradores mudaram-se do lugar, e os grandes comerciantes fecharam
suas portas mudando-se para Santa Inês e outras cidades desenvolvidas a
fim de instalar seus evoluídos comércios.
Atualmente no povoado
existem três igrejas: Igreja Católica, Assembleia de Deus e um templo
Adventista. As festas tradicionais de Novo Carú são as novenas do mês de
maio, quaresma, festas e rezas com terços e ladainhas.
A
padroeira do lugar é Nossa Senhora da Conceição, cujo festejo é
realizado no dia 8 de Dezembro. Até 2007, a dirigente da Igreja
Católica no povoado foi Maria de Fátima Pires Santos.
O acesso ao
referido povoado é feito via estrada vicinal, abertas da cidade de Bom
Jardim a Rapadurinha. Até o povoado Rapadurinha a estrada é empiçarrada
(com constantes falhas). Deste a Novo Carú a estrada é carroçal. No
inverno são maiores as viagens via Rio Carú e Pindaré. A distância do
povoado à zona urbana do município é de 57 km.
A principal
atividade econômica do lugar é a agricultura para o cultivo do arroz,
feijão, milho e a mandioca que, depois do abastecimento do mercado
local, o excedente é exportado para a sede do município, outras
principais atividades são a quebra de coco babaçu e a pesca no rio Carú
que se constituiu uma fonte para a sobrevivência dos Novocaruenses e
também a pecuária com pequenas fazendas com criação de bovinos e suínos.
Grande
parte dos agricultores do Povoado dependem de terras localizadas à
outra margem do rio, precisamente na Reserva Indígena do Carú habitada
por índios da etnia guajajara. Os chefes das aldeias "cedem" parte da
terra para os lavradores numa transação chamada "renda' que acontece de
forma que o lavrador deixa para o chefe um terço da produção da
lavoura".
Por outro lado, outros lavadores trabalham para grandes
proprietários, recebendo o que lhes é devido em duas situações, a
primeira consiste em diárias no valor que varia entre R$ 7,00 e R$
10,00. Em segundo, e a paga com a própria produção em "renda", ou seja, o
lavrador recebe entre um meio e um terço da produção total dependendo
do "acordo" feito entre o proprietário e o lavrador.
Uma relação
de dominação e posse. De acordo com isso e sobre o mito vivenciado nessa
relação, cita FREIRE (1983 p. 1983, p. 172):
"Na verdade,
estes pactos não são diálogos porque,... está inscrito o interesse
inequívoco da classe dominadora. Os pactos,... são meios para realizar
suas finalidades".
Há diálogo quando há
acordo, e quando ambos os lados são beneficiados sem prejuízo a nenhuma
das partes envolvidas. Ou seja, a classe detentora dos meios de produção
e capital em contraste com aquelas que possuem apenas a força de
trabalho como mercadoria a oferecer, encontra-se em posição de submissão
"espontânea", frente à situação ditada pelo capital e a necessidade de
"ter que trabalhar" para a sobrevivência, que no silêncio, abraça o
sistema de coisas que está posta, apesar das amplas conquistas "tão
asseguradas nas letras da Magna Carta". Pactos estes, fundamentados na
desigualdade social e na situação de pobreza, ausência de terras e
capital na mão da maioria, que é a classe pobre e predominante. (Grifo meu – Adilson Motta)
Na
busca pelo "ter as coisas" muitos jovens e adultos abandonam os estudos
para se dedicarem ao trabalho, por entenderem que a escola não
proporciona tais ambições impostas na subjetividade deles de maneira a
se realizarem. Portanto, não entendem que é através da aquisição do
conhecimento, da visão de mundo crítico-coerente que realmente podem
mudar suas percepções de vida e a situação ou realidade.
Daí
explica-se que dos 36 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) de 1ª
a 4ª série em 2004 no povoado Novo Caru, 44,4% desistiram e 13,8%
evadiram-se. Esses dados são a marca registrada tanto do pensamento
supracitado, quanto do abandono, da ausência de políticas públicas
educacionais e de juventude no sentido de que se encontrem soluções para
essas mazelas. Fato este, processando-se ao longo de sucessivos
governos. Sendo o exposto apenas um retalho do que ocorre no contexto
maior, assim como em nível de Estado e Nordeste. Sendo filhos do
analfabetismo, os mesmos têm direito de acesso e, no entanto, não têm de
sucesso.
Frente à situação difícil em que se encontram, tais
jovens não tendo como conciliar estudo e trabalho, os últimos por ser
difícil, terminam abandonando a escola. Pois não enxergam a educação
como saída, e nem tão pouco têm estímulo e incentivo para continuar. Não
percebem que há uma intenção ideológica "desinteressada" controlando
imperceptivelmente os acontecimentos, que os leva a não enxergar a
escola como tal "saída" e "instrumento de mudanças". Nesse sentido, veja
que diz FREIRE (1983 p. 173):
A manipulação aparece como uma
necessidade imperiosa das elites dominantes, com o fim de, através dela,
conseguir um tipo não autêntico de "organização", com que evite o seu
contrário, que é a verdadeira organização das massas populares emersas e
emergindo.
Dentro dessa perspectiva, eles tendem a deixar o
povoado indo para outros municípios, estados e, até mesmo, outros
países, como, por exemplo, Mato Grosso, Pará, Roraima e Suriname. Nos
estados de Matos Grosso e Pará, eles encontram serviços em madeireiras,
fazendas e em serrarias. No Suriname, trabalham como garimpeiros na
extração de ouro. Este é o mais cobiçado dos trabalhos, pois acreditam
conseguir prosperidade em pouco tempo.
Todos querem arriscar a
sorte grande, para isso deixam pais, esposa filhos, acreditando-se "...
que todos são livres para trabalhar onde queiram. Se não lhes agrada o
patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego". FREIRE (1983
147). Em muitos casos, por faltas de alternativas, os referidos
trabalhadores se submetem permanecer nas atividades, tudo isso, por
conta do desamparo de políticas de geração de emprego e renda de uma
política agrícola que prenda o homem do campo no campo, e leve as
condições e benefícios da zona urbana para a vida do campo. O exposto é
apenas uma pequena amostra de um contexto maior.
O povoado Novo
Caru dispõe hoje (2005) de três escolas municipais num total de 9 salas
de aula. Tem também um posto de saúde, uma praça e uma subdelegacia de
polícia.
No aspecto educacional, as escolas refletem o contexto
municipal, de administrações sucessivas, não dispondo de biblioteca
publica, nem de livros gratuito que cubra toda rede de ensino, o que
dificulta o processo ensino-aprendizagem nesse povoado e aumenta a
insatisfação dos moradores que aspiram melhoria.
A juventude
encontra-se dispersa, dividida entre trabalho duro do campo no período
diurno e a ociosidade dos que não estudam no período noturno. Por falta
de opções no que diz respeito à diversão, muitos desses jovens procuram
os bares quase que regularmente, e alguns a se entregar ao alcoolismo.
Não
é muito e custa pouco, mas o sonho maior daquela comunidade é que os
governantes do município façam um cais na beira rio e empiçarrem a
estrada de Novo Cau ao povoado Rapadura – pois, no inverno, fecham-se
as saídas de acesso, quando o rio não está cheio.
Em fins de
2006, a administração Roque Portela fez uma obra que para muitos
novocaruenses foi de grande importância, segundo a população carente
que foi: empiçarrou todas as ruas do povoado e fez duas pontes de
acesso dentro do povoado. Se o pouco gera satisfação, imaginem o que
seria se fosse feito o que se pode fazer.
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