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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Além da caverna

 Adilson Motta    08/04/2010

                                                                                                    
             É inegável, quando estudamos a evolução  epistemológica dos conceitos   e nestes, o entendimento sistêmico de como se processou e  se ajustou o conhecimento humano  aos estágios em que se encontra e  percebermos que a construção do conhecimento  não se deu de forma isolada,  e sim de retomadas de geração a geração  ao longo dos séculos de "ombros em ombros", como disse Isaac Newton.   Conclui-se também que a humanidade vive em constantes mudanças, principalmente a partir do momento em que o homem se apropria do conhecimento científico, o que lhe propicia construir conhecimento e mais ainda na era da internet.
            Nos primórdios,  sem a gama de conhecimento que hoje possuímos, o homem se encontrava enclausurado na caverna  da ignorância, costumes e tradições. As circunstâncias e necessidades o arrebataram a percepção e procura do conhecimento, do novo.  E lá fora, vislumbrou-se  o brilho das coisas e do mundo que ia bem além das paredes que  a cercava.  
              Descobriu-se que o mundo não era uma redoma nem um poço cujas águas não fluem  nem afluem.  Este mundo era um rio a fluir,  em contínuo movimento e que, por  séculos estivera preso aos rudimentos das trevas (da ignorância desejável ideologicamente) por aqueles que seguravam  o candelabro – que brilhava com as cores do vil metal  pelo reino  da terra, o  qual mantiveram  a escuridão sobre os séculos de gerações  por razões ideológicas,  temendo perder o cajado  e o poder de dominação e usufruição  sobre aqueles que temiam o inferno? No fundo do espírito humano, uma centelha clamava pela libertação cuja chave  era o conhecimento e esclarecimento dos povos.  
               Descobriu-se que a caverna vedava e obscurecia os "olhos" e o espírito daqueles que lá viviam. A caverna, que eclipsava o horizonte e freava a ciência, o progresso e retardava a  libertação de muitos  que não vislumbravam a luz do sol que vinha das "frestas"  da verdade que brilhou na razão iluminista e no renascer  das ideias luminosas "enterradas"  durantes séculos por aqueles que se diziam pregadores e detentores da "luz".
Sendo assim, a condição para o progresso e a libertação era sair da caverna, e assim foi.
                Até hoje perdura a lição de que, inclusão social e cidadania dependem de um fator:  tirar o homem da  caverna de suas limitações, que depende dos governos e do próprio homem. 
            A caverna já existia antes mesmo que Platão dela falasse. ... a caverna na verdade não era uma caverna, era metaforicamente a caverna da condição humana em sua situação existencial imerso na ignorância e falsas crenças que o aprisionava de suas realizações, conquistas e liberdade. 
            Foi por mostrar que além da caverna existia um novo mundo e o sol da liberdade a brilhar progresso e mudanças, que muitos,  conquistando para todos, perderam a própria vida. Assim foi Jesus, assim foi Gandhi,  assim foi  o Alferes (Tiradentes)  e muitos outros.   Desta forma, as conquistas da liberdade, o progresso e a mudança foram adquiridos a custo de sangue e fogo  ao longo dos séculos.  Em outras palavras, foi  a certeza  do ombro de todos que nos trouxe até aqui com nossos engenhos.
              Ao longo dos séculos,  após sistematizar e compreender  os sistemas  que regem a sociedade,  e, epistemologias que definem os conceitos da mesma, tornou-se possível  a criação de leis, costumes e regras no sentido de defini-la e organizá-la. 
               Diante dos acontecimentos sociais e percebendo a necessidade de uma ciência que definisse a sociedade, Durkein determina que o objeto de estudo da sociologia são os fatos sociais. E o surgimento da mesma se deu  a partir do surgimento do capitalismo.
              Para o mesmo autor (wilkipédia, 2010), é a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais.  O indivíduo aprende a seguir normas  e regras  impostas pela sociedade (as leis, costumes, etc. que são passados de geração em geração.  ... e não tem o direito de modificá-las.  
              Já para Weber, a sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social.  Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave  da investigação evidenciando o que para ele era o ponto de partida para a sociologia.  Ele considera a Sociologia como uma ciência da conduta humana, na medida em que essa conduta é social. 
              O século XVIII, no entanto, foi marcado por transformações, fazendo o homem analisar  a sociedade, um novo "objeto" de estudo.  Essa situação foi gerada pelas revoluções industrial e francesa, que mudaram completamente o curso que a sociedade  estava tomando na época. A revolução industrial, por exemplo, representou a consolidação do capitalismo.    
              Foi dentro desse contexto que surgiu a sociologia, ciência que,  mesmo antes de ser considerada como tal, estimulou a reflexão da sociedade moderna colocando como "objeto de estudo"  a própria sociedade, tendo como principais articuladores Augusto Conte e Émile Durkheim.
              Entendida e organizada, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da organização baseada em valores e ação (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objetivos e ação (chamada legal-racional).  
                Émile Durkheim é amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.   O mesmo "parte da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas",  forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele,  o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível.  Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir  a realização desse,  desde que consiga integrar-se  a essa estrutura.   Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento  de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se  norma jurídica,  pois é preciso definir, uma sociedade moderna,  regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica). 
              Dentro dessa sociedade politicamente organizada,  criou-se uma "incrosta" de políticos tradicionais -  que ao modos do que concebe Maquiavel,  seria uma espécie de "principado hereditário" moderno,  é o que presenciamos na atualidade de famílias que se perpetuam no poder. 

Conclusão

          A dialética de Karl Marx aponta que o eixo das transformações históricas são alimentadas ou produzidas a partir da dinâmica das contradições que permeiam os acontecimentos sociais e leva a seus opostos e mudanças.  Já outros autores apontam que as ações próprias do homem – passadas, presentes ou futuras  - se lhe aparecem sob o manto da necessidade e que o indivíduo pode ser uma grande força social de transformação.  Principalmente numa sociedade onde exista pessoas informadas de direitos e deveres, enfim dotadas de espírito crítico.  É nesse sentido que é válida a afirmação de que as particularidades das personalidades determinam o aspecto individual dos acontecimentos históricos.  É dessa forma que o indivíduo vai cumprir o seu papel na história – enquanto conhecedor e participante no processo (Plekhanov, 2002, p.110 a 118 e 152).
         Na atualidade, a política,  é o instrumento central onde se desenvolve todo cenário de acontecimentos que se constitui o fazer histórico. Segundo Creusa Capalbo (apud SANTOS, 2000, p.98), "a conscientização utilizará uma pedagogia que proporcionará ao homem condições para descobrir-se, conquistar-se, formar-se como sujeitos de sua própria história". Em consonância com o que foi afirmado, veja o que diz Marilena Chauí (1980, p. 114): " Enquanto não houver um conhecimento da história real, enquanto a teoria não mostrar o significado da prática imediata dos homens, enquanto a experiência comum de vida for mantida sem crítica e sem pensamento, a ideologia de dominação se manterá."
              Para Comte, "as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história".

REFERÊNCIAS

PLATÃO. O mito da caverna. Vilkipédia, 04/2010; CHAPLES, Charles.  Tempos modernos. Internet, 04/2010; COMTE, Augusto.  Positivismo. 04/2010; DURKEIN,  Émile.
Socialismo científico. 04/2010;  MACHIAVELLI, Nicoló. O príncipe. Livro extraído da Internet, 04/2010.

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