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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A História na Sombra da Memória

Adilson Motta, 04/2012

Ao que me lembro, eram os anos 80, e eu, nordestino como tantos que houvera migrado em busca de novas possibilidades. No meu caso era até diferente do mundo e objetivo dos adultos que ali estavam. Eu era uma criança.  E como tantas,  ainda não pensava em desenhar o horizonte no sentido de delinear sonhos e metas numa perspectiva para o futuro. 
Na sombra de minhas lembranças vem bem um fato relevante que lá acontecera: A cidade era Barcelos (Amazonas) e cuja escola onde estudava era Escola Badalotti.
Todos os dias, antes de irmos pra sala de aula, era regra e sagrado, a reunião de todos no pátio da escola para cantar o hino nacional.
Existia mais organização, ordem, disciplina e respeito aos educadores por parte de nossos alunos.
O nome do diretor era Hamilton Garrido, o qual, sempre antes de cantarmos o hino nacional, conversava com todos e deixava uma reflexão. E suas palavras semeavam a alma.
 Existia um grande respeito e consideração de todos para com aquele diretor, eu percebia.
Certo dia, passeando nas proximidades da dita escola, observei que o exército estava na cidade fazendo "mapeamento" da cidade – avaliando os pontos estratégicos (como a prevenir, como se pairasse uma expectativa de temor de que a cidade ou região no futuro viesse a ser invadida por forças inimigas, para a suposta retomada por aqueles – que no momento - eram os guardiões de nossas fronteiras e ao mesmo tempo, repressores da liberdade geral. Afinal, ainda imperava a ditadura no país.
O que eles ali faziam era sombra da política temerosa do integrar para não entregar, porque interesses externos cobiçavam esse imenso tesouro da nação brasileira: a Amazônia.
Naquele momento, mesmo sendo uma criança, fui abordado estranhamente por um dos soldados do exército:
- Tú é de onde, rapaz?  (Com certa aspereza nas palavras).
- Do Maranhão! Respondi.
- O que tu vem fazer aqui?!!! ...
Na verdade eu estava de frente com aqueles que eram a cara e a espinha dorsal da ditadura, os inimigos da liberdade e da democracia.

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