Adilson Motta, 04/2012
Ao que me lembro, eram os anos
80, e eu, nordestino como tantos que houvera migrado em busca de novas
possibilidades. No meu caso era até diferente do mundo e objetivo dos
adultos que ali estavam. Eu era uma criança. E como tantas, ainda não
pensava em desenhar o horizonte no sentido de delinear sonhos e metas
numa perspectiva para o futuro.
Na sombra de minhas lembranças
vem bem um fato relevante que lá acontecera: A cidade era Barcelos
(Amazonas) e cuja escola onde estudava era Escola Badalotti.
Todos
os dias, antes de irmos pra sala de aula, era regra e sagrado, a
reunião de todos no pátio da escola para cantar o hino nacional.
Existia mais organização, ordem, disciplina e respeito aos educadores por parte de nossos alunos.
O
nome do diretor era Hamilton Garrido, o qual, sempre antes de cantarmos
o hino nacional, conversava com todos e deixava uma reflexão. E suas
palavras semeavam a alma.
Existia um grande respeito e consideração de todos para com aquele diretor, eu percebia.
Certo
dia, passeando nas proximidades da dita escola, observei que o exército
estava na cidade fazendo "mapeamento" da cidade – avaliando os pontos
estratégicos (como a prevenir, como se pairasse uma expectativa de temor
de que a cidade ou região no futuro viesse a ser invadida por forças
inimigas, para a suposta retomada por aqueles – que no momento - eram os
guardiões de nossas fronteiras e ao mesmo tempo, repressores da
liberdade geral. Afinal, ainda imperava a ditadura no país.
O que
eles ali faziam era sombra da política temerosa do integrar para não
entregar, porque interesses externos cobiçavam esse imenso tesouro da
nação brasileira: a Amazônia.
Naquele momento, mesmo sendo uma criança, fui abordado estranhamente por um dos soldados do exército:
- Tú é de onde, rapaz? (Com certa aspereza nas palavras).
- Do Maranhão! Respondi.
- O que tu vem fazer aqui?!!! ...
Na
verdade eu estava de frente com aqueles que eram a cara e a espinha
dorsal da ditadura, os inimigos da liberdade e da democracia.
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