Por Adilson Motta
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Antes de entrar na
questão, é necessário esclarecer dois conceitos que estão intimamente ligados: Poder ideológico e Poder econômico
O
poder ideológico se baseia na influência que as ideias da pessoa investida de
autoridade exerce sobre a conduta dos demais: deste tipo de condicionamento
nasce a importância social daqueles que sabem, quer os sacerdotes
das sociedades arcaicas, quer os intelectuais
ou cientistas das sociedades evoluídas.
Poder econômico - É
o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais,
numa situação de necessidade para controlar aqueles que não os possuem.
Consistente também na realização de um certo tipo de trabalho.
A posse dos meios de produção é enorme fonte de poder para aqueles que os tem
em relação àqueles que não detém: o poder do chefe de uma empresa deriva da
possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de produção lhe oferece
de poder vender a força de trabalho a troco de um salário.
Quem possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem
não os tem pela promessa e concessão de vantagens.
Os ventos que tocam as mudanças advindas da política
moldada na esperança do povo frente às mazelas e frustrações pendem de duas
vertentes: ou vertem pela ideologia, situação mais remota, ou pelo
capital. Ambas exercem influência nos
rumos, conforme escolha social, e esta, na influência deste ou daquele – que
determinarão os caminhos da história, a qualidade da democracia a e cidadania (pelo povo) vivenciada.
O capital e sua influência floresce à sombra da
ignorância e, com mais vigor as margens da necessidade imediata do povo – que
emergem da política pública não suprida em suas múltiplas dimensões. Ou mesmo das lacunas que sua dinâmica produz, quanto ao grande investimento que os detentores do capital, ao se exaurirem, recaptam com dobros, triplos e quintuplicações.
O capital gera o voto cabresto, amarrado nas mazelas
do abandono, produto das lacunas daquilo que não se fez ou não se faz no âmbito
das políticas locais. Desta forma, é
fato verificável na trajetória política dos dias atuais que, o poder do
capital é quem determina quem perde e quem ganha no poder de barganha da miséria
do povo, diante daqueles que detém o “Poder de Fogo”que mobiliza a dinâmica
estrutural da atual política cujos pendores se moldam pelo imediatismo.
Desta forma, o voto como ato
livre torna-se "esvaziado" como alavanca de fé e esperança depositado naqueles nos quais brilhara a chama da esperança do povo que foi resgate de dívida negociada, de modo a invalidar a autêntica função social de sua representatividade
legal.
Já a ideologia
que pauta em princípios sólidos, nas asas da democracia e da liberdade –
ponderados na ética determinam que as escolhas sociais de seus agentes de
comandos devam pautar único e exclusivamente na livre escolha, na consciência
crítica formada.
Sendo assim,
cidadãos sugam políticos, explorando-os no demoroso momento que acontece de
quatro em quatro anos, chegando até mesmo a virar prática cultural, cujo ato já
entra na lógica de “tornar-se político” – cuja viabilidade é o Capital.É o que
se verifica em muitas cidades brasileiras. O político, desta forma, torna-se
refém do montante gasto – o que levará consequentemente ao manejo de uma
prática corrompida de governo – sem transparência, e altos gastos para a
“manutenção silenciosa e omissa” de uma Câmara “comprometida”. O povo, tendo desde já vendido seu voto,
torna-se refém do político – em cujas consequências será o abandono e descaso.
Frente ao poder
de fogo do capital, e a necessidade sensível e quase prática cultural do modelo
“instituído”,a ideologia é vista como “uma voz que clama no deserto” que, com
suas razões e racionalidades de descoberta daquele (o capital), torna-se
inexequível, utópica e ao mesmo tempo pintada com as cores da mangofa e da
zombagem. Não em termos gerais, mas salvo algumas exceções, o que é pouco
diante do grande cenário dos muitos fatos.


