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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A amazônia a partir da década de 1960 e 70 e a cobiça dos países ricos



Livros de Adilson Motta Disponíveis no site:
 
Adilson Motta, 2011


Somente a partir da década de 1960 o governo brasileiro passou a preocupar-se com a integração da região à economia nacional.  Esta vontade de integrar a região ao resto do país foi provocada pela necessidade de solucionar graves problemas como:
  • Garantir a soberania nacionalem face das diversas propostas que surgiram nos Estados Unidosde internacionalizar a Amazônia;
  • Minimizar conflitos agrários (agricultores sem terra) e problemas originados pela seca (agricultores sem água) na região Nordeste – "terras sem homens para homens sem terra";
  • As baixas condições da vida da população amazônica.
Lembrando que a "proposta" de internacionalização da Amazônia ainda hoje perdura em articulações lançadas na mídia americana.  É o que mostra a reportagem'De quemé  a Amazônia, afinal?',ondeo  Jornal Americano "New York Times" publicou em 18 de maio de 2008,  uma reportagem,  que coloca em xeque a soberania brasileira sobre a floresta.  Três dias antes do New York Times,o diário inglês "The Independent" escreveu:"... essa parte (a Amazônia)  é muito importante para ser deixada com os brasileiros".    
O Jornal espanhol El País deixou claro quais são as intenções: "O mundo tem os olhos postos nas riquezas da floresta".
Você sabia...
Que 95% das áreas florestais dos Estados Unidos já desapareceram?  Não é isso que queremos para a Amazônia.   E o mais:Noranking dos países poluidores,   está Estados Unidos com  24,3% ,  o Brasil, com apenas 1,3%.  "A União Européia só tem 0,3% de sua mata original". (Lula, em entrevista coletiva em Roma).
Através da "Operação Amazônica", medidas foram tomadas pelo governo federal com o objetivo de promover o desenvolvimento regional, com base em uma política de incentivos fiscais (descontos de 50% e até isenção de impostos devidos por empresas, desde que estas investissem na Amazônia).  Assim, a iniciativa privada passava a ter participação direta no processo de desenvolvimento da região.  Entre as medidas executadas para integrar o Norte ao Centro-Sul, merecem destaque:
  • A criação da SUDAM: (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) em 1966, com sedeem Belém, com objetivo  de coordenar programas  e planos  regionais e decidir sobre redistribuição  de incentivos  fiscais.  Com a extinção da SUDAM, em 2002, foi criada a ADA – Agência de Desenvolvimento da Amazônia. 
  • Criação (em 1967) da Zona Franca de Manaus, uma área de livre comércio – de importação e exportação, cujos impostos por essas relações comerciais são menoresem relação às outras localidades.  A ZFM motivou aimplantação de inúmeros projetos  industriais, principalmente de produtos  eletrônicos.
  • Construção de Rodovias ligando o Norte às demaisregiões do Brasil.  Das rodovias construídas na região Norte a mais  famosa  é a Transamazônica, que corta a região no sentido  Leste-Oeste, ligando   a Amazônia  ao Nordeste. Entretanto, são as rodovias que ligam nossa região ao Sul como a Belém-Brasília e a Cuiabá-Santarém,que trouxeram  aspectos positivos  sobre os vários  setores  produtivos, pois  ligam a região aos centros mais desenvolvidos  do país.
  • A expansão da fronteira agrícola – coma abertura das rodovias, a Amazôniapassa a ser uma região de atração para pequenos e médios  agricultores, oriundos  principalmente  do Nordeste e também do Centro-Sul. 
  • O Governo Federal doou lotes de terra para o cultivo, fixando na área muitas famíliasde agricultores.
  • Projetos agropecuários - instalados principalmente no Norte do Mato Grosso e Sul do Pará.  Nessas áreas foram criadas as maiores extensões de pastos, principalmente ao longo das rodovias.
Um exemplo desse modelo agropecuário é o Projeto Jarí, localizado nos municípiosde Laranjal do Jarí (AP) e Almerim (PA).  Foi implantado em 1975 pelo milionário norte-americano Daniel Ludwig, utilizando vultosos recursosnacionais para a implantação do polo agroflorestal voltado à produção de papel e celulose.  Para tanto foram desmatadas imensas áreas de florestas nativas para dar lugar às espécies utilizadas no projeto.   Além desse projeto,foram implementados um projeto mineral (extração do caulim) e umprojeto agropecuário  (produção de arroz e criação de gado bovino e bubalino).
O projeto Jarí intensificou o fluxo migratório para a área, originando em seu entorno a formação de favelas (Beiradão) com milhares de habitantes, que sofremcom a falta de saneamento   básico e proliferação  de doenças. 
Para o meio ambiente este projeto acarretou extinção de espéciesanimais e vegetais, empobrecimento do solo, bem como a poluição das áreas onde se efetivaram projeto mineral e industrial.
Atualmente, em consequência da falta de planejamento de muitos projetos agropecuários,temos na região muitos latifúndios abandonados e enormes áreas  cobertas  de pastagem pobres, onde não há mais gado nem árvores. 
Muitos pequenos agricultores (posseiros e sem-terra) ocupam áreas  que não lhes pertencem e, à medida que essas terras se valorizam, o proprietário aparece para retomá-las. O conflito é inevitável e tem causado graves tensões e mortes na região.  Tomemos, por exemplo, o caso de Eldorado dos Carajás,onde 19 homensforam assassinados na tarde  de 17 de abril de 1996 pela Polícia Militar do Pará.  Esse acontecimento teve uma repercussão altamente negativa no Brasil e no mundo. Outro acontecimento de repercussão nacional e internacional ligada à questão fundiária na região foi o assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang em 12 de fevereiro de 2005, ocorrido no município paraense Anapú.  A mesma trabalhava na defesa dos direitos de trabalhadores rurais contra interesses de fazendeiros e grileiros da região.  Defendia, também,a criação de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável. (PDS).
A AMAZÔNIA NA DÉCADA DE 70
Governos anteriores à década de 1970 já davam sinais de preocupação com o povoamento da Amazônia, porque a consideravam um espaço com um vazio demográficoque deveria ser ocupado.  Em 1953, no governo Getúlio Vargas, foi criada a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia) e, em 1958, no governo Juscelino Kubitschek, iniciava-se a construção da rodovia Belém-Brasília (BR  010).          
As Estratégias do Estado Brasileiro
           No período da ditadura militar (1964-1985) os governantes do Estado brasileiro pretendiam levaradiante planos, programas e projetos diversos com o objetivo de ocupar e explorareconomicamente a região amazônica.  Aos interesses econômicosaliavam-seos interesses  estratégicos (militares), pois, nessa época, o governo entendia que a região desocupada  poderia ser facilmente invadida e ter suas riquezas exploradas por estrangeiros.  Além disso, nessa imensa área poderiam ser organizadasforças paramilitares (guerrilheiros) contrárias ao governo militar. 
            Assim, foram criados órgãos, como a SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), que substituiu a SPVEA, para planejar, coordenar e controlaro desenvolvimento.  Foram também criados projetosde pesquisa,  como o projeto Radam (Radar da Amazônia), a partir de  1969, para fazer  mapeamento dos recursos naturais.   Outras rodovias foram construídas.  Implantou-se um polo industrial-a Zona Franca de Manaus -, e diversos projetos  agropecuários e minerais  foram desenvolvidos.
As rodovias e as agrovilas
           No início dos anos 1970, por meio do PIN (Programa de Integração Nacional), o governo brasileiroaplicou  recursos  para a abertura  de 15.000 km de estradas.  A rodovia Transamazônica foi o grande símbolo da integração nacional.  Era tida pelo governo como a rodovia que ligaria "uma terra com muitos homens" – o Nordeste – a "uma sem homens" – a Amazônia. Na verdade, foi uma tentativa de diminuir no Nordeste a pressão popular por uma distribuição de terrase por uma reforma agrária.
            A Transamazônica revelou-se, em pouco tempo, um exemplo de má distribuição derecursos e de projetos na região.  A ex-rodovia da integraçãonacional resultou  em uma trilha descontínua de buracos, atoleiros  e pontes  em ruínas, prestes a cair. Apenas um trecho ainda funcionacomo estrada.
Vale lembrar que, a abertura de estradas na região amazônica contribuiusensivelmente para o desmatamento, pois ampliou de forma considerável as possibilidades  de escoamento de madeira retirada.
Ao implantar os projetos de colonização, o governo, por meio do INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) estabeleceu umarede de agrovilas ao longo dessas rodovias construídas ou  em construção.  Elas eram formadas por lotes de terra doados às famíliasde agricultores. Em função de uma série de fatores, como a distância de centros urbanos maiores, terrasde baixíssima fertilidade, falta de assistência escolar e de assistência médica e uma grande incidência de doenças, o projeto das agrovilas  fracassou.

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