Adilson Motta, 02/2012
Dois dias seguidos indo à rodoviária e,
três horas numa fila que fazia tranças e dobras para comprar uma
passagem no "farofeiro", o dragão de ferro, como diz o maioral da
cidade, que já fora do povo.
Aquele momento não era único nem singular, era cópia de dezenas e centenas de outros que já se repetira no outrem...
Alguns
perdem até um dia de trabalho para comprar a passagem para viajar no
celebridade que permite a economia de alguns tostões assim como a
segurança dos sôfregos corações que partem pra retorno, matar saudade ou
se tratar...
Comenta-se que fora votada uma lei, em que o cidadão
não pode ultrapassar meia hora em fila de bancos, mas infelizmente no
papel é maravilhoso... Por que não estender essa pseuda fantasia a
essas dimensões onde me encontrava quando escrevi este fragmento do
real?
Lamentos e reclames rolavam em suspiros de inquietações daqueles a quem nem um banquinho se quer se oferecia.
Retornando
ao tema central deste pequeno texto com ares de crônica, numa provável
premissa afirmo que, a excelência da empresa sintonizou seus mecanismos
de ação a atuação não no humano e no ambiental, como prega a ampla
propaganda do "um bilhão de árvores pelo mundo todo" – assim afirmam as
testemunhas das pequenas comunidades de impacto como Vilinha e Vila
Sanção, onde são plantadas árvores simbólicas na adjacência das escolas.
Isso tudo no propósito de garantir uma espécie de "calmaria" frente à
ganância desenfreada de seus novos donos e a gravidade dos problemas
futuros, no impacto do grande dia quando o precioso metal acabar.
A
empresa, visando alargar os horizontes de perspectivas e lucro a seus
novos donos – amplia consideravelmente seu parque de exploração com
eficiência total das vinte quatro horas de labor em Carajás. No
entanto, o lado humano que corre nos trilhos do "farofeiro" e do
"geladinho", ou executivo não é contemplado como prioridade tal qual a
do minério.
A gloriosa empresa que já fora do povo brasileiro
expropriada num crime de lesa-pátria no processo de "privataria", em
2011 apresentou o maior lucro da América Latina. Com um lucro líquido
de R$ 37,8 bilhões e receita operacional de R$ 105,5 bilhões. Superando
até mesmo o lucro da renomada Petrobras.
No entanto, não precisou
mover guerra para "tomar" essa riqueza do povo, e sim de algumas
manobras de articuladores entreguistas que traíram a consciência
nacional e que governaram como se o povo não existisse.
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